Um dos maiores aprendizados que tive ao longo da minha vida profissional foi esse: “a abundância de um organismo é inversamente proporcional ao número de herdeiros que tem”.
Essa ideia, apesar de autoral, tem uma origem bem clara. É inspirada na análise de patrimônio geracional (aquele papo de “vô rico, filho nobre, neto pobre”).
Quando você forma uma pessoa com “pensamento de executivo”, ela trabalha com afinco para “chegar lá”.
Só que, depois de “chegar lá”, essa mesma pessoa não negocia mais os benefícios desse “lá”. Ela cria um senso de “direito adquirido”. Naturalmente, entra numa curva descendente. Começa a sugar mais do sistema do que alimentá-lo.
Com isso, a empresa precisa criar toda uma camada de iniciantes (que mantenham os privilégios do “lá”). A hierarquização e a competição interna são efeitos colaterais inevitáveis desse mindset.
Entretanto, quando você forma um intraempreendedor (que tende a virar, com o tempo, um empreendedor), você percebe outro padrão.
Você vê uma pessoa que está sempre se renovando. Esse profissional, quando está no auge, volta à posição de aprendiz e começa um novo ciclo.
Corre atrás do que quer porque tem desapego aos ciclos anteriores. Faz mais e pede menos. Não age como herdeiro.
Age como o altruístra do diagrama – a pessoa que prepara a fortuna das próximas gerações. Isso deixa o sistema mais leve, hidratado e em constante auto-disrupção.
Repito: “a abundância de uma empresa é inversamente proporcional ao número de herdeiros que tem”. Quando todos estão pensando em si (os “guerreiros solitários” do “The Tribal Leadership”), aí o castelo de cartas não aguenta.
Boa notícia: nunca é tarde para uma pessoa aprender o segundo mindset. Nunca é tarde para que um organismo aprenda a ser verdadeiramente abundante. Talvez essa uma engrenagem importante para transformar a atual economia na nova economia.
Texto de @tiagomattos