Somente os mais próximos sabem que em julho passado eu tomei a decisão de passar pelo procedimento de congelamento de óvulos.
Esse foi um processo que começou em outubro de 2017 quando fiz 38 anos e ainda sentia o que sinto desde os 30: “Preciso de mais 2 anos, para pensar na decisão de ser mãe”.
Só que dessa vez 2 anos significaria 40 anos e por mais avançado que estejamos, a medicina não tem como retardar meu relógio biológico internamente. Por isso da decisão de remover pedacinhos de mim no agora e congelá-los na idade de 38 é a nossa atual solução para congelar o tempo.
O procedimento é super simples, da 1a consulta a “colheita”, são no máximo 2 meses.
O procedimento em si dura somente 1 semana, é feito por aparelho de tomografia e sucção dos óvulos em um procedimento com anestesia geral que dura 20 minutos.
Para uma pessoa de tecnologia tudo estaria sob controle e dentro de grande celebração do nosso progresso como sociedade, se não fosse o ponto emocional…
Levei 3 meses só para tirar os exames da gaveta e estar preparada para ouvir que não poderia mais ser mãe, afinal 38 já está além da média ideal para o procedimento que fica entre 32 e 35 anos…
Depois foram meses de conflito sobre ser procedimento não natural e como não tinha muitas referências a decisão foi uma jornada interna enorme, que durou 10 meses até a decisão.
Na semana do processo eu trouxe minha sobrinha de 13 anos para me acompanhar em todas as consultas, aplicar os hormônios (essa canetinha verde usamos para aplicar no abdômen a medicação na semana do procedimento). Isso para que ela pudesse criar memória celular de uma biografia de fertilidade já disponível, dando para ela repertório e potencialmente diminuindo certos conflitos, como os que eu tive.
Nessa semana vivi em estado de graça, ter a consciência de que 11 folículos maduros estavam em mim, foi lindo!!
Eu senti a força de todas mulheres da minha família que me proporcionaram chegar até ali, às que estavam fisicamente ao meu redor e as que não e celebramos juntas esse momento da evolução, onde tamanha verdade, respeito e liberdade feminina pode ser vivenciado.
Não foi fácil a semana seguinte, seja pelo impacto hormonal, seja pela constatação de que não é uma certeza que com esse procedimento eu terei filhos quando eu quiser, mas esse foi um lindo processo de Plano B, onde terei 50% de chances se esse momento um dia vier.
E porque estou contando tudo isso agora?
Porque eu tive a honra de poder contar essa história oficialmente para VOCÊ S/A e ser fotografada por Germano Lüders. Graças a indicação da querida Tatiana Sendin, essa história poderá talvez ajudar outras mulheres com esse desafio de vida. Revista já Disponível nas Bancas!
Reportagem no link: https://exame.abril.com.br/carreira/maternidade-congelada/