O mês de março foi marcado pelo início da pandemia do vírus da Covid19. As notícias que vinham de outros países que já viviam o pico da doença trouxeram medo e incerteza a população de nosso país. Em meio aos inúmeros fatores de preocupação, estavam as chamadas “favelas”. Os noticiários nacionais e internacionais apontavam para uma grande catástrofe, caso medidas de prevenção não fosse tomada imediatamente pelo governo.
“Com pouca informação, vivendo em ambientes superlotados e sem condições de seguir recomendações como comprar álcool em gel, estocar comida ou trabalhar de casa, os moradores das favelas serão as principais vítimas do novo coronavírus no Brasil.” – fonte BBC Brasil.
Entramos no quinto mês da pandemia e as ações do governo para diminuir os riscos nessas comunidades não tem sido muito expressiva. O Brasil tem 13,6 milhões de pessoas morando em favelas, segundo os institutos Data Favela e Locomotiva. Algumas delas são mais populosas do que municípios inteiros.
A impossibilidade de distanciamento social, tanto pela alta densidade demográfica quanto pelo fato de que os trabalhos exercidos pelos moradores dessas regiões não permitiram que ficassem em casa, a precariedade do saneamento básico, a baixa renda e a falta de acesso à saúde apresentaram um cenário de dor, morte e abandono em muitas regiões periféricas. Um documento divulgado pelo Instituto Pólis indica que as áreas com maior situação de precariedade urbana são as mais castigadas pela Covid-19. As mais afetadas são Brasilândia, Sapopemba, Grajaú, Capão Redondo e Jardim Ângela.
A despeito dos graves apontamento apresentando pelo Instituto Pólis, uma notícia se destaca. “Favela de Paraisópolis, em São Paulo, tem melhor controle da pandemia de Covid-19 do que outros bairros da capital paulista. Em 18 de maio de 2020, a taxa de mortalidade pelo novo coronavírus na região era de 21,7 pessoas por 100 mil habitantes, enquanto a média municipal era de 56,2.”
Hoje acompanhamos os maiores veículos de comunicação enaltecer as ações tomadas pelas lideranças das comunidades. Logo no início da pandemia, os moradores da favela criaram o sistema de “presidentes de rua”, em que uma pessoa de cada rua ficou responsável por monitorar e ajudar as outras, orientando sobre os sintomas da doença, distribuindo cestas básicas e até combatendo a disseminação de Fake News.
Além disso, a comunidade contratou ambulâncias e recrutou médicos e enfermeiros para suprir a favela 24 horas. Outros 240 moradores foram treinados como socorristas para apoiar as 60 bases de emergência criadas com a presença de bombeiros civis.
No Jardim Peri, periferia da zona Norte de São Paulo onde resido e atualmente faço parte do Movimento Conexão Favela as ações em conjunto com a associação do bairro foram voltadas para garantir a segurança alimentar e outras despesas essenciais no combate da pandemia. Até o momento foram 1.038 famílias atendidas com cestas básicas, produtos de higiene e limpeza além da distribuição de máscaras e álcool em gel.
A favela, apesar das condições de precariedade e vulnerabilidade, quando bem liderada são eficientes em baixar a média de mortalidade, suprir as necessidades de sua comunidade e tornar-se referência de gestão.
Imagine o que não poderíamos realizar se tivéssemos maior apoio do governo e das empresas. Gosto de afirmar, e repetir que o futuro ideal de uma nação só será possível se construída em conjunto. Infelizmente hoje, ainda vemos planejamento e elaboração de futuros sem a participação dessa parcela da sociedade, o que resultará em diversos gaps. Gaps financeiros, culturais, educacionais e humanitários.
Fontes de pesquisa: Nexto Jornal; Revista Galileu
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