Em 2016 os grandes players – IBM Watson, Google DeepMind, Microsoft Oxford – começavam a apresentar suas soluções no SXSW. Esse ano muitos desenvolvedores já utilizam tais aplicativos, pulverizando as aplicações – da saúde à publicidade.
Eis a Questão:
E com todas essas possibilidades, entra uma grande questão: de quem é a propriedade dos dados – e quem pode acessá-lo?
Por exemplo: se sua SmartTV consegue escutar e interpretar os diálogos que você conversa com sua família na sala, você pode ser impactado por propaganda sobre isso na sua rede social, ou mesmo em um painel rotativo no ponto de ônibus? Qual o limite da coleta e uso da informação?
Seu seguro saúde deve ter preço balizado dependendo da qualidade das suas compras no supermercado, nível de atividade física ou velocidade na qual dirige? A tecnologia para tudo isso existe: linguagem natural, reconhecimento facial, só não está – hoje – conectada.
E quem deve pedir autorização sobre o uso de dados? O fabricante da SmartTV, a empresa de reconhecimento fácil, o painel de mídia programática OOH no ponto de ônibus, o supermercado, a operadora de telefonia celular?
Dados Pessoais Viraram “Moedas”
No painel “Nowhere to Hide: The reality of Online Privacy”, o pessoal da Mashable e Blockchain Capital vão comentar que existe uma relação direta entre privacidade e a demanda do consumidor para um UX (experiência de uso) personalizado. Ao passo que as pessoas compartilham cada vez mais informações pessoais, a especulação cresce sobre segurança e utilidade dos dados. Os dados pessoais viraram uma forma de “moeda”- e irão discutir qual é o risco de segurança e o que as pessoas estão recebendo em troca.
O 23andme é o serviço que eu tenho que mais me lembra de “futuro”- através do seu DNA (um mero cotonete com sua saliva) – eles fazem seu mapeamento genético completo. O resultado desvenda desde a sua ancestralidade (por exemplo, eu sou 98% ibérica!) até a sua propensão para um milhão de doenças genéticas. Imagine porém que esses dados caiam em uma empresa de seguro saúde? O próprio 23andme estará lá comentando sobre isso:“Privacy in Emerging Health Technologies“.
Como Proteger seus Dados?
Qual a forma de proteger seus dados? Serviços de VPN e privacidade adoram dizer que, ao contratá-los, seus dados estarão protegidos. Mas isso é um mito – ao menos é o que a Liz Kintzele vai falar no painel “You are not Anonymous: The myth of online privacy”. Ela vai explorar a diferença entre privacidade e anonimato. Na visão dela, privacidade é reduzir seu footprint digital.
Outros talk interessante sobre identidade digital será do James Varga: “The Future of You: Identify tomorrow”, analisando a questão da propriedade da sua “existência digital”, e as possibilidades de descentralização da informação, assim como um blockchain.
Um ponto de vista contrário é a propriedade dos dados no seu smartphone ou devices: enquanto você tem o equipamento, você não tem acesso ao software, portanto não pode controlar esse código. O painel “The Internet of Things you don’t own” levantará considerações sobre quais ferramentas legais que devolveriam o controle os equipamentos ao usuário serão levantadas.
A tecnologia avança com velocidade muito maior do que conseguimos discutir suas implicações éticas ou ainda regulamentá-las – e a história da privacidade está em estágios embrionários. Vamos acompanhar o assunto no SXSW e dividir com vocês!
Este é um artigo da série Hot Topics SXSW, parte da pesquisa do Trends Report SXSW 17 – uma iniciativa que visa compilar as principais tendências deste evento que pauta a comunicação interativa no mundo. Se você se interessou por este produto, entre em contato conosco para saber dos formatos de disponibilização, palestras e workshops sobre o tema.
Autoras: Luciana Bazanella ([email protected]) e Vanessa Mathias ([email protected])