Já faz algum tempo que a inovação e a criatividade são consideradas competências extremamente importantes e valorizadas nas organizações. Inúmeros estudos mostram isso, mas entender de fato como se tornar mais inovador continua sendo um grande desafio para a maioria dos negócios pelo mundo.
Quando nos aprofundamos no tema, notamos que muito se fala sobre como construir uma organização mais inovadora, mas pouco sobre como cada indivíduo pode se tornar mais inovador. Isso é uma pena, pois organizações inovadoras são feitas de indivíduos inovadores.
De fato, o melhor caminho para construir uma organização inovadora é cultivando a inovação dentro de cada indivíduo.
Então por onde um indivíduo deveria começar para se tornar mais inovador? Treinando seu mindset.
Mindset = (Pensamentos + Valores + Crenças)
Podemos definir “mindset” como a lente por meio da qual as pessoas enxergam e interpretam o mundo a sua volta. Os inovadores têm um mindset distinto, por isso percebem o mundo de um jeito diferente.
Mas em que consiste o mindset do inovador? E como obtê-lo? Enquanto a maioria das pessoas percebe o mundo em 3 dimensões, os inovadores enxergam o mundo em 4 dimensões. Vamos falar agora um pouco sobre cada uma delas.
As 4 dimensões do mindset inovador
1. Otimismo Pragmático
“O pessimista é, antes de tudo, um vagabundo. Ser otimista dá um trabalho danado.” — Mario Sergio Cortella, filósofo brasileiro
A maioria das pessoas que se dizem “pessimistas” ou “céticas” não são céticas de fato. Elas têm um medo enorme de falhar. Por isso escolhem o conforto do pessimismo intelectual, escolhem viver o papel do crítico. Não há nenhum problema nisso, o papel do crítico é importante e necessário. Só não pode ser vivido pela mesma pessoa que deseja ser inovadora.
Para ser inovador e criativo é preciso, antes de mais nada, criar. Criar e deixar o mercado e o mundo julgarem.
Quando o inovador assume também o papel do crítico, ele perde automaticamente sua capacidade de criar. Isso porque a autocrítica e a negatividade matam a criatividade.
Inovadores são otimistas em essência, mas não otimistas que se contentam apenas em habitar o mundo das ideias. Eles atuam na intersecção do otimismo com o pragmatismo.
Inovadores entendem que é preciso crer para ver. Eles acreditam no que ainda não existe, enxergam o que a maioria não vê, e por também serem pragmáticos conseguem trazer isso à realidade.
Buscar resultados práticos é fundamental, já esperar ver para crer é uma desvantagem competitiva. Empresas como Kodak, Blockbuster e Toys“R”Us já nos mostraram isso na prática.
2. Mentalidade de Crescimento
Fundamentado em pesquisas sobre aprendizagem lideradas por Carol Dweck, Ph.D. da Universidade de Stanford, o conceito da mentalidade de crescimento nos mostra que qualquer habilidade ou competência pode ser desenvolvida, por meio da prática disciplinada. Com a inovação não é diferente: é preciso primeiro aceitar o fato de que ela é uma competência que pode ser desenvolvida, e depois, praticá-la diariamente.
Um dos passos mais importantes para se tornar uma pessoa mais inovadora é estar disposto a inovar a si mesmo. Essa disposição é uma das principais características da “mentalidade de crescimento”, atributo essencial dos inovadores, que se difere da “mentalidade fixa” nos seguintes aspectos:
3. Diversidade
A natureza nos ensina que a diversidade fortalece a vida. É verdade, e fortalece também a inovação. Mas quando pensamos em diversidade, é importante olhar para o seu próprio conceito de modo amplo e diverso.
Inovadores valorizam e cultivam a diversidade em todos os seus aspectos:
“Quando todos pensam da mesma forma, ninguém está pensando.”
— Walter Lippmann
Dizem que criatividade é conectar pontos diversos, mas para conectar esses pontos é preciso, antes de mais nada, ter uma gama de pontos para serem conectados na hora certa. É preciso construir esse repertório. E cultivar uma vida diversa, em todos os aspectos, é uma das melhores maneiras de se desenvolver isso.
4. Abertura ao Risco
A quarta e última dimensão do mindset do inovador é a disponibilidade para correr riscos.
Nada é de graça. Não existe ganho nem inovação sem risco.
Inovadores logo aprendem que devem conviver com o erro, experimentando de forma controlada para correr riscos inteligentes, entendendo que os ganhos e aprendizados de longo prazo sempre compensam as possíveis perdas do curto prazo.
Um bom caminho para melhor conviver com o risco é cultivando um ambiente (interno e externo) de Segurança Psicológica, onde os erros possam ser discutidos abertamente e com naturalidade.
A Segurança Psicológica é extremamente importante para a inovação, mas vale destacar que segurança é diferente de conforto. Ter coragem para se arriscar, vivendo constantemente em busca da “stretch zone” em vez da zona de conforto, é uma característica essencial dos inovadores.
“Deus não deixará seu trabalho ser manifestado por covardes.”
—Ralph Waldo Emerson
Toda grande inovação nesse mundo surgiu pela coragem. Mais fácil falar do que fazer, claro, mas é o único caminho.
Pratique, Pratique, Pratique
A inovação é democrática, é uma competência disponível para todos. Ser mais inovador não é um destino final, é um exercício diário. Requer prática disciplinada. E os benefícios disso são incontáveis.
Então, por que não?
É só querer.
| por Murilo Bueno, Mandalah São Paulo.