Para especialistas, estamos longe de um universo em realidade virtual, mas empresas de tecnologia e games já dominam a área, movimentando milhões de dólares com compras digitais.
De uma hora para outra, toda a discussão do futuro da tecnologia se voltou para apenas uma palavra: metaverso. Desde que Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, mudou o nome da empresa que controla a rede social para Meta e anunciou os novos esforços da companhia para construir este metaverso, surgiram muitas questões sobre o que é este ambiente virtual, como funcionaria e o quão próximo estamos dele.
Para explicar algumas destas questões, o repórter Felipe Santana ingressou numa versão inicial do metaverso. Sim, ele já existe. Foi lá que Santana entrevistou um dos executivos da Meta, que tem como principal objetivo dominar o mercado do metaverso. Ele utilizou os óculos de realidade virtual para se encontrar com Vishal Shah, sentaram-se numa mesa de reuniões e conversaram, com as vantagens e desvantagens da tecnologia que ainda está sendo desenvolvida.
A próxima geração de óculos de realidade virtual já vai ter mais sensores e câmeras para captar as feições faciais. Hoje, se você estiver sorrindo para mim não vou saber. Ainda não dá para dizer. Hoje, a expressão dos avatares é baseada em palavras-chave do que você está falando.”— Vishal Shah
Entre os esforços de U$ 50 milhões da Meta para a construção do metaverso estão tecnologias de reconhecimento facial, luvas que sentem pressão e peso de objetos virtuais. Eles também compraram por U$ 1 bilhão uma empresa de Nova York que trabalha na leitura de impulsos neurais: com esta tecnologia, quando você pensar em mover o dedo para a direita, uma página na internet vai ser arrastada para a direita. Assim, será possível se deslocar no metaverso usando apenas a força do pensamento.
Há quem acredite que se o metaverso depender de tantos apetrechos, não vai engrenar. É o caso do cientista e professor Sílvio Meira, da Universidade Federal de Pernambuco:
“A qualidade dessa experiência hoje, independentemente de quanto recurso você tiver para gastar, é muito ruim. E o que acontece com a maioria dos dispositivos que a gente tem hoje é que eles são caros e proveem uma experiência extremamente básica”, defende Meira. Para ele, o anúncio da mudança de nome da empresa que controla o Facebook e o marketing em torno do metaverso é uma “cortina de fumaça”.
“A ideia do metaverso é que vamos passar de uma internet baseada em textos e vídeos para uma em que a sensação é de estarmos num mundo virtual”, diz ele. “O que vai nos empurrar para o metaverso são as coisas que fazemos por obrigação, como estudar ou trabalhar”.