No Carnaval de São Paulo, a Rosas de Ouro vai ter tecnologia do abre alas até a dispersão.
Muitas escolas de samba já usam tecnologia nos desfiles e em 2020 uma escola do grupo especial de São Paulo vai mostrar na avenida o avanço da indústria 4.0.
Com o enredo “Tempos Modernos”, a Rosas de Ouro quer mostrar ao público a revolução tecnológica que vivemos, nosso dia a dia, em casa, no trabalho e nos negócios. “No início eu estava temeroso, sou dos anos 70. Pra mim está sendo novidade. Tinha a preocupação de que a escola de samba é longe desse universo, mas o enredo pra nós é desafio”, afirma o carnavalesco André Machado.
Durante o desfile vai ter telão com a batida do coração dos passistas e um robô sambista. Essas novidades e muitas outras saíram da cabeça de professores cientistas e alunos de várias universidades. Como o Brasil caiu duas posições no ranking mundial de inovação, eles tiveram a idéia de usar o Carnaval para popularizar a tecnologia.
“A ideia não é colocar tecnologia no Carnaval, a ideia é de como a gente conta pro Brasil que a tecnologia que impulsiona a quarta revolução tem que ser absorvida pela sociedade pra melhorar o país”, explica o professor do Instituto Mauá de Tecnologia, Ari Costa.
“É desafio e ato de coragem da Rosas em aceitar a tecnologia pra avenida. Mas a gente tá falando do maior desafio da humanidade, o maior espetáculo da Terra. É onde ele tem que estar”, afirma Elcio Brito, do Comitê de Gestão do Carnaval 4.0.
A tecnologia de ponta vai ajudar a contar essa história. O robô sambista, por exemplo, é uma máquina inteligente. Ele vai aprender a sambar com a Alessandra, passista da escola. “A gente tá criando algoritmo pra copiar um passista pra ensinar o robô, porque ele foi criado no computador e ele não sabe. Através da tecnologia, com sensores que captam o passista e transferem pra realidade aumentada”, explica André Sernaglia Cerdeira, produtor executivo do projeto.
No sambódromo, o público vai poder usar o smartphone para reproduzir o robozinho sambando em realidade aumentada. Por app no celular, podem olhar o robô sambando na avenida. Fantasias também terão o QR Code, que dá acesso a conteúdos sobre o enredo.
Todas essas ferramentas estarão disponíveis em um app que qualquer pessoa pode baixar. Vai dar até para acompanhar os passos e batimentos cardíacos da galera que vai estar na avenida, usando uma pulseirinha que vai coletar esses dados e mostrar a emoção de quem está desfilando.
Além das universidades, tem institutos, empresas e startups apoiando o Carnaval 4.0 da Rosas de Ouro.
Leia a sinopse da Rosas de Ouro para 2020
A Rosas de Ouro apresentará no Anhembi em 2020 o enredo Tempos Modernos, que será desenvolvido por André Machado. O tema é conduzido pelo robozinho ROXP4. A agremiação será a sétima a se apresentar no sábado de Carnaval, pelo Grupo Especial de São Paulo.
Olá!
Eu sou um robozinho de última geração criado em escala artificialmente, já nasci inteligente.
Operações matemáticas complexas resolvo em segundos. Palavras, eu sei pronunciá-las em diversos idiomas.
E adjetivos não me faltam assim como, a curiosidade.Sinônimos
Fui programado para sorrir e até chorar, porém, ainda não compreendo o motivo.
A luz me foi dada por uma criança ao apertar o dispositivo descrito no manual.
E quando abri os olhos pela primeira vezercebi o fascínio que eu provocava
Nascia ali, o início de uma grande amizade.
Observava os seus movimentos para aprimorar os meus
Aprendia e replicava cada um deles
E ela achava graça de tudo,
Eu era o brinquedo que faltava.
O tempo foi passando
Novas tecnologias tornaram outras obsoletas
E a mesma criança que um dia me deu a vida
Não me ligava com a mesma frequência
Passei olhar pra alto para ver o seu rosto
Não reparei, mas ela havia crescido.
E por mais que eu pudesse responder
Qualquer pergunta que ela me fizesse,
Daquela criança não existia mais a vontade de saber.
Entretanto, o que eu poderia fazer para ser notado?
Será que fui fadado ao esquecimento?
E no canto em que fui deixado
Antes de ser desligado
Um objeto eu encontrei,
Feito de um material barato
Que quase não se usa mais
Um livro, cuja capa ilustrava “Tempos modernos”,
Tudo sobre as revoluções industriais.
Impulsionado pelo medo
Do que a mente humana seria capaz
Refletido num espelho, eu vi um monstro tecnológico,
Capaz de devorar a própria tecnologia,
Pois a modernidade só é atual até a próxima
Qual será o meu destino nessa distopia
Já que o novo se torna velho no raiar do dia,
Qual será?
Então, meu interesse foi imediato
Para compreender o futuro voltei ao passado
Na Inglaterra do século 18
Na transição do manufaturado para o industrial
Produto da alta burguesia, efeito do êxodo rural
Das safras de algodão à rápida tecelagem
Do carvão à máquina a vapor
A moda se vestiu com diversas padronagens
A mão de obra do artesão foi perdendo o valor.
E aí, vieram o petróleo e a eletricidade
Símbolos da segunda revolução
O que foi inventado até então já não valia mais
E o que ficou para trás ganhou nova versão
Com a Maria fumaça surgiu o progresso
Além do ferro apareceu o aço
E o automóvel no mesmo compasso
Debutou o Fordismo na linha de produção,
Promovendo assim, o Tio Sam a rei do pedaço
Na linha de frente da evolução.
Através do telefone, do rádio e, depois, televisão
Até o que era difícil de acreditar tornou-se fácil
Quando “um grande salto para humanidade” ganhou projeção.
E assim, investindo em tecnologia
Criaram-se novas fontes de energia
Prelúdio da terceira revolução – Era da informatização.
E produzir ganhou mais velocidade, eficiência e qualidade,
Sendo preciso substituir gente por automação.
Da engenharia genética e dos avanços da ciência
Até uma ovelha foi referência para uma geração
Computadores cada vez menores entraram nos lares
Internet, software, GPS e os famosos celulares
Como saídos de filmes de ficção.
O futuro encontrou na arte a inspiração
Tornando palpável o que já foi utopia
E quem diria viver como “Os Jetsons” um dia
Não ser fruto apenas da imaginação.
E hoje, o mundo se encontra globalizado
Tudo está conectado na quarta revolução – a 4.0
Com a convergência da tecnologia digital, física e biológica
Um turbilhão de ideias surge como num passe de mágica
Viver mais e melhor deixou de ser ilusão.
Big data, internet das coisas, nas nuvens computação
Impressão em 3D implantada e até realidade aumentada,
Inteligência artificial abonando em robôs a razão
Condição que me fez levantar a questão:
Estamos preparados para viver o futuro?
Mesmo que o homem tenha se mostrado
Por sua mente criativa a máquina mais perfeita
Inclusive, muitas vezes, motivado pela fé e a esperança,
O passado o coloca numa linha tênue
Entre a ganância e a sensatez.
Então, de escrever uma nova história chegou a vez
No futuro, a prosperidade não poderá ser privilégio de alguns
Tão pouco, a desigualdade poderá existir
E nessa modernidade que se apresenta veloz
Quem será o protagonista entre nós? O homem ou o robô?
Teremos um destino atroz ou vale a pena sonhar?
Meu nome é ROXP4
Sonhando com “Tempos Modernos”
Fonte: G1. e revista Carnaval