Cofundadora da Chan Zuckerberg Initiative junto com Mark Zuckerberg, a médica se dedica a atacar desafios nas áreas de educação, saúde e acesso à justiça.
“A tecnologia só poderá resolver grandes problemas se nós reunirmos as pessoas. É preciso fazer colaboração radical. Debater. Fazer brainstorm. Ver o mundo de uma forma diferente.” Priscilla Chan, cofundadora da Chan Zuckerberg Initiative (CZI), organização filantrópica que ela criou com o marido, Mark Zuckerberg, resume dessa forma o papel da tecnologia na solução de grandes desafios da humanidade.
Priscilla se emocionou – e emocionou a plateia – durante sua apresentação no primeiro dia do South by Southwest, em Austin (EUA). Filha de refugiados vietnamitas de origem chinesa, ela contou com a mentoria de professores para avançar nos estudos. Fez biologia na Universidade Harvard e quase desistiu do curso por ter notas ruins. Encontrou sua vocação ao estruturar programas de auxílio a crianças carentes. Tornou-se professora de ensino fundamental e, depois, formou-se médica pediatra na Universidade da Califórnia em São Francisco.
A CZI foi fundada em 2015, quando Priscilla e Zuckerberg, cofundadora do Facebook, comprometeram 99% da sua fortuna à iniciativa. Na época, o valor somava US$ 45 bilhões em ações da rede social. A CZI atua em três frentes: educação, saúde e justiça. Metade dos funcionários da organização são profissionais de tecnologia. Eles trabalham em conjunto com educadores, engenheiros, médicos e advogados para propor soluções a grandes problemas.
Um exemplo de solução criada com o apoio da CZI é a plataforma de educação Summit Learning, que oferece ao aluno formatos variados de aprendizado, como textos e vídeos, e permite ao professor acompanhar o desenvolvimento em tempo real.
No campo da saúde, Priscilla falou sobre o Meta, projeto da CZI que construiu uma espécie de Spotify para os trabalhos científicos. Com a plataforma, pesquisadores podem acessar todos os papers publicados sobre um tema e se conectar com outros cientistas da área.
Antes de dar o terceiro exemplo de atuação da CZI, Priscilla conta a história de Ingrid, uma mulher que cresceu em orfanato e foi detida por tráfico de drogas quando tinha uma filha pequena. Fora da prisão, conseguiu um emprego, mas logo foi demitida. Em seguida, já com duas filhas, Ingrid entrou num supermercado e deixou uma delas no carro. Foi encarcerada novamente, por expor a criança a perigo.
Priscilla aponta que a tecnologia poderia ter ajudado a mulher. “E se os procuradores soubessem o que ocorre em casos similares? Se a mãe é presa, as crianças ficam em uma situação melhor? As comunidades ficam mais seguras?”, questiona. Por isso, a CZI está trabalhando com advogados para criar uma ferramenta que use dados e mostre os resultados de decisões judiciais.
“Os desafios que enfrentamos não são simples. Não serão resolvidos da noite para o dia”, diz Priscilla, já finalizando a sua apresentação. “Mas existe um provérbio africano que diz: ‘Se você quer ir rápido, vá sozinho. Se você quer ir longe, vá junto’. Vamos longe juntos.”
Esse é um dos tópicos que traremos no nosso encontro sobre o SXSW dia 30/4 [Dentro do SXSW com Voicers]: