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SXSW de Humanas: Resistência e Empatia

Não é sobre o que foi feito, mas sim sobre o que faremos.

O SXSW 2017, realizado em Austin, um raro refúgio democrata no meio de um dos estados mais republicanos dos EUA, está sendo chamado por sua comunidade de “a edição da resistência”. Resistir contra a agenda conservadora do novo presidente, combater o discurso de ódio e a escalada da violência contra minorias. Logo este festival que já foi o palco para o lançamento de plataformas tecnológicas que mudaram a maneira como nos comunicarmos, neste ano, trabalha para que as pessoas possam expressar suas opiniões livremente, dividir suas visões políticas e sociais e, principalmente, compartilhar seus planos para sobreviver ao tsunami conservador que ameaça a todos. Não é sobre o que foi feito, mas sim sobre o que faremos. Exemplo prático: nos últimos 2 anos, a Big Data era a vedete aqui. Cheio de marcas e empresas mostrando cases e usos de milhares de plataformas que combinavam e analisavam os dados para tornar a mídia mais eficiente, diagnósticos médicos mais assertivos, processos jurídicos mais rápidos. Esse ano tivemos aqui o keynote de Jessica Shortall, Diretora Geral da Texas Compete, uma coligação de empresas de big data que atualmente está dando o suporte, fornecendo informações para iniciativas que trabalham para barrar as leis que ferem e colocam em risco toda a comunidade LGBTQ americana. Sim. Uma palestra na maior sala do festival, lotada de gente esperando ver telas da interface de visualização de data e conexão de banco de dados, na verdade apresentou dados que evidenciam como a comunidade transsexual está e sempre esteve em perigo – não só com estatística, mas com uma leitura emocionante de uma carta de uma mulher trans falando como a lei anti-transgêneros nos banheiros públicos que está em aprovação aqui no Texas é perigosa e absurda. Também foram mostrados dados sólidos de como boicotes a estados que já implementaram leis similares conseguiram provocar perdas significativas nos âmbitos sociais e econômicos. Foi sobre o que se pode fazer com Big Data e não sobre como trabalhar com ela. Confira:

Nós fazemos coisas que importam

Jessica Shortall foi aplaudida de pé.Em outra sessão, Rainn Wilson (sim, aquele do The Office) falou sobre a Soul Pancake, sua nova empresa. Ele contou como foi hostilizado pelos seus pares porque simplesmente ninguém acreditava que “feel good content” fosse um bom negócio. Armado da convicção de que a alegria é contagiante e as pessoas amam compartilhar aquilo que as inspira, ele criou a sua produtora de conteúdo sob o conceito “nós fazemos coisas que importam” (em uma tradução livre, porque acredito que em português a mensagem fica mais contundente). O posicionamento da Soul Pancake é ser positivo, inspirador, otimista. Foi eleita pela Fast Company uma das 10 empresas de vídeo mais inovadoras do mundo. Não pudemos deixar de notar que todos os relatos tiveram em comum uma palavrinha mágica: empatia. Como no exercício proposto pela Soul Pancake, ou na experiência em VR que nos faz realmente entender o que é estar na pele de outra pessoa, esta conexão move as pessoas. Se você prestar atenção, vai ver que a empatia é a força invisível por trás de muitos dos conteúdos que assaltam sua timeline.

Resistência & Empatia

Em um festival lotado de profissionais de marketing, planejamento estratégico, publicitários, designers, criativos, etc, aprendemos que somos antes de mais nada “de humanas”. Está mais do que na hora de parar de buscar conhecimento com o formato “como vender mais”, “como podemos ser mais bem-sucedidos”, e começamos a ouvir o que as pessoas estão pensando em fazer com seus recursos, habilidades e conhecimentos para melhorar o mundo em que vivemos. Menos do que tecnologia e robôs, nessa edição viemos escutar as discussões sobre diversidade, sobre feminismo, sobre imigração, sobre startups de outros países como Cuba. E quer saber? Entramos para a resistência. Autora: Sylvia Ferrari, com colaboração de Vanessa Mathias e Luciana Bazanella
Este é um artigo da série Hot Topics SXSW, parte da pesquisa do Trends Report SXSW 17 – uma iniciativa que visa compilar as principais tendências deste evento que pauta a comunicação interativa no mundo. Se você se interessou por este produto, entre em contato conosco para saber dos formatos de disponibilização, palestras e workshops sobre o tema. Autoras: Luciana Bazanella ([email protected]) e Vanessa Mathias ([email protected])
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