A batalha geracional sai do foco dos Boomers e chega agora entre Millenials e Gen Z – será que não é você agora, na casa dos 30-40, assumindo a posição dos mais experientes e repetindo “no meeeeu teeeempo era melhor/ mais difícil…”? Como cantava Elis: “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Qual é a cilada?
Nesse final de semana a discussão entre os millenials espantados dominou o Instagram. Sim, porque no TikTok – terra da GenZ – a futura geração listava tudo aquilo que é padrão estético da geração millenial e denominando de CHEUGY. Tradução reta e direta equivalente a CAFONA ou non-trendy. Há os que chamam de CRINGE, mas até essa denominação já está ultrapassada….
OK, sempre se repete. É o ciclo da vida. Odiar cegamente quando classificam tudo que constrói seu mundo como cheugy, ou concordar que é assim mesmo que caminha a humanidade: ambas as posturas podem ser ciladas. O raso na reflexão pode custar caro, e eis os motivos abaixo:
1) Abominar o assunto é enrijecer a mente e recusar ideias novas. Não é necessário concordar com tudo listado como cheugy, mas rejeitar passionalmente é o caminho mais fácil e mais perigoso – os millenials podem assim estar se excluindo da construção de um futuro que, gostando ou não, será feito em construção com a genZ.
2) Não entender a forma de pensar dessa geração faz com que não entendamos o novo mercado que está surgindo e para onde as mudanças estão caminhando. E se você lida com futuro, isso é autossabotagem.
3) Se abrir para a reflexão para além das aparências da guerra intergeracional é repensar os próprios valores e revisitar posturas. Qualquer melhoria ou evolução só pode acontecer depois de passar pelo crivo da autocrítica – mesmo que essas críticas nos causem inicialmente irritação. Resistir ao ato espontâneo de classificar toda crítica da geração posterior com “é porque ainda não banca a própria vida” ou “no meu tempo ia sofrer pra aprender…” exige sim esforço, mas pode valer a pena para oxigenar as visões de mundo.
Convencidos de que é preciso entender o que é CHEUGY?
Pra facilitar a vida, listo aqui alguns dos comportamentos e estéticas listados como CHEUGY. Lembrando: o desafio é adestrar a irritação e enxergar além.
- Glamourização de “pagar boletos”
- “But first, coffee” e ser amante convicto de café
- Usar hashtags nas legendas do instagram e redes sociais
- Usar Facebook
- Usar emojis
- Comemorar Dia dos Namorados (data claramente impulsionadora de consumismo e opressora por impor padrões)
- Conceito de “jovens adultos” quando já se passou dos 30
- “Girl Boss” atitudes
- Ostentar marcas em roupas ou acessórios e não se preocupar com a cadeia produtiva
Longe de querer dar um veredicto de quem está “certo” ou “errado”, provoco você que me segue a revisitar sua própria visão de mundo. O convite é instigante e difícil. Para ajudar na sua reflexão, trago algumas características listadas em artigos e estudos sobre posturas da geração Z:
Centrada em comunidades e radicalmente inclusiva
Tanto os Baby Boomers quanto os Millennials são chamados de “geração eu”, priorizando a autorrealização. A Geração Z, em contraste, é a “geração nós”: a Geração Z está profundamente focada na construção de comunidades inclusivas.
Para as gerações anteriores, o consumo era uma questão de posse ou status. Para os Gen Zs, o consumo significa comprar acesso a uma comunidade. A Geração Z quer conexão, e as empresas mais interessantes que estão sendo construídas são aquelas que os ajudam a encontrá-la e mantê-la. Itsme é um novo participante nas paradas das App Stores. O Itsme permite que você personalize um avatar que rastreia seu rosto em tempo real usando a câmera do telefone. O aplicativo então combina você aleatoriamente com estranhos com base em idade, sexo e interesses. Todo o produto é construído em torno de encontrar uma comunidade.
Um princípio relacionado à comunidade é a inclusão radical.
O conceito de gênero é um exemplo interessante aqui.
48% da geração Z – em comparação com 38% da geração millenial – dizem que valorizam marcas que não classificam os itens como masculinos ou femininos. Exemplo é o sucesso do estilo do cantor Harry Styles que brinca com a fluidez do conceito de gênero.
Uma geração divertida, alegre e feliz
Percebe-se uma ênfase em cores peculiares e brilhantes nos sites de marcas focadas na Geração Z. As empresas tradicionais estão adaptando seu marketing para se adequar a esses comportamentos.
Um exemplo são as identidades visuais de startups… um banco como @Nubank que trabalha a cor roxa e que recentemente incorporou a artista Anitta no seu conselho administrativo.
Predominantemente BETA e empreendedora
Em relação aos millenials, a geração Z é mais prática e menos idealista segundo alguns estudos. Muitos Gen Zs viram seus pais Gen X perderem suas economias durante a Grande Recessão, e sua prudência financeira é um subproduto dessa experiência.
Mas os Gen Zs também são profundamente empreendedores: um estudo recente descobriu que 54% dos Gen Zs desejam criar sua própria empresa.
As atitudes da Geração Z em relação ao trabalho levarão a um repensar fundamental do significado de uma carreira. O trabalho continuará a ser mais FLUIDO: os trabalhadores autônomos aumentarão de 65 milhões em 2020 para 90 milhões em 2028.
Algumas considerações
As mudanças de comportamento da Geração Z estão liderando um renascimento do mercado consumidor. Estamos vendo grandes mudanças na forma como as pessoas e a tecnologia interagem, ampliadas e aceleradas pelo COVID.
Embora os comportamentos da Geração Z tenham aparecido pela primeira vez no conteúdo, comércio e cultura da Internet, eles estão se infiltrando em setores importantes da economia, como educação, serviços financeiros e saúde.
A tecnologia está transferindo poder para os consumidores; na maioria das vezes, os Gen Zs comandam esse poder. Falando em um poder mais democratizado pela tecnologia, existem também tendências mais horizontais que afetam todos os comportamentos da Geração Z: uma das linhas é a ênfase no impacto social e no chamado “capitalismo responsável e consciente”.
O mundo está se tornando o mundo da Geração Z, e estamos vivendo nele. A questão é: FAREMOS PARTE ou apenas vamos ecoar o que nos disseram nossos pais? “NO MEEEU TEMPO….”
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Quem quiser entender mais, recomendo um passeio pela conta de instagram @cheuglife
Recomendações de leituras:
Teste: quão cheugy você é?
Publicado originalmente por Daniela Yoko Taminato via Linkedin
Daniela Taminato é uma InconforMAKER. Idealizadora do movimento, se formou em Relações Públicas pela USP com MBA em Gestão de Empresas pela FGV e Marketing pela Ohio University. Atua com INOVAÇÃO, mudança cultural e desenvolvimento de negócios. Daniela é palestrante e professora de inovação e Design Thinking. Apaixonada em compartilhar ideias, conectar gente interessante, é super entusiasta das novas tecnologias, metodologias ágeis e revolução digital nas grandes empresas. [email protected]